17.3.10

Sempre na moda

É fato que calças rasgadas tiveram, e ainda têm, grande espaço na moda.
Mas e no trabalho?

Estava eu no Tribunal, em meados de 2008, quando, já no final do expediente, alguém me diz:

-Cláudio, sua calça descosturou atrás!

E eu, fingindo a maior naturalidade do mundo, respondi:

-Ah, é... eu sei! Já tô indo pra casa mesmo... - e a surpresa em conjunto com o medo me tomavam. Eu não tinha a menor ideia de que estava rasgada! E mais: tinha passado o dia andando no meio da rua de um lado pro outro. Quer dizer: sabe Deus quando a bendita calça descosturou e quantas pessoas na cidade do Recife viram isso. Se você viu um menino assim tempos atrás, prazer! Era eu.

Eu pensava: "E agora? Se eu andar rasga mais? Está descosturada quanto?".
Lá fui eu, de ônibus, pra casa. Típica cena de comédia patética que as pessoas acham que só acontece em filme. Eu, no auge da obesidade, pagando de magro, usando calças a la Zezé di Camargo. Resultado: uma calça descosturada; uma volta pra casa de ônibus... EM PÉ! Afinal, vai que eu sentava e abria mais.
Não nego que fiquei com medo de, no aperto, alguém passar por mim e alguma coisa enganchar e rasgar mais ainda.
Pois bem!
Aqui vai minha dica do dia.

Dica do dia:
Se você rasgar sua calça e cair dinheiro no chão, deixe no chão! Se você rasgar sua calça, solte a camisa e tente tapar o buraco. Se você rasgar sua calça, não se sente. Se você rasgar sua calça, emagreça! Se você rasgar sua calça, certifique-se que está usando uma cueca/calcinha decente; afinal, o risco de voltar nu é sempre possível!

7.1.10

Ao menos ninguém viu...

Preciso pedir desculpas pela demora de postar ou isso já virou rotina aqui? Ok! Desculpas apresentadas. Aproveito o ensejo, inclusive, para desejar a todos um 2010 massa! Paz, saúde e sucesso a todos. Aliás, paz não, porque passei meu reveillón de preto. Portanto, esse é o ano da intriga. Mas, enfim! Vamos pra frente...

Há uns dias recebi um e-mail da amiga Alessandra - e grande colaboradora dos meus causos estagiários - pedindo que eu contasse um episódio ocorrido lá em 2006, na era INSS.
Ah, gente! Eu vivo dizendo que aqueles 5, 6 meses que passei lá representam uma época de ouro. Foi meu primeiro estágio remunerado, concursado e ainda comecei com uma grande amiga.
Eu também já tentei, aqui, delinear a tal da Alessandra: menina doce, educada, às vezes meio rude, mas muito quieta, tímida e medrosa. Ah, mas ela tem (ou tinha) medo de tudo.
Agora que já passou, posso contar. Só espero que a pena de peculato tenha expirado!
A gente vivia imprimindo trabalhos na procuradoria. Nada absurdo! Algumas páginas de um trabalho de faculdade aqui, outras páginas ali... e por aí ia. Tudo na calada do fim do expediente. Trabalhávamos em salas diferentes, mas no mesmo setor. A sala dela era cheia! A minha, quase vazia. Portanto, todas as peripécias aconteciam na minha sala - que não tinha sequer janela. Portanto, se estivesse nevando ou mesmo fazendo sol, não estávamos a par dos acontecimentos naturais recifenses.
Continuando...
Como sempre, faltava papel no INSS. Já falei que faltava até papel higiênico, né?! Não que eu tenha precisado ou mesmo me encontrado em situação de necessidade. Longe de mim...
Em uma das vezes, queríamos imprimir um trabalho e o papel acabou. Eu disse:

-Pega na sua sala!!!

Muito reticente, lá foi ela.
E eu tranquei a porta da sala.
Enquanto seu lobo não vem, digo, enquanto Alé não chegava - e demorou horas pra aparecer - inventei de colocar uma musiquinha pra distrair. Me distraí tanto que comecei a dançar. É que o chão era meio liso (ou muito sujo) e eu deslizava com o sapato. Então achava o máximo aquilo. De repente, escutei um barulho. Mas deixei pra lá! E continuei a dançar.
E o barulho continuava.
Quando olhei pra trás, a porta estava sendo praticamente arrancada.
Corri, desliguei o som e abri, com a cara mais limpa do mundo.
Eis que chega Alessandra, cheia de papel na mão e com um ar desconfiado:

-O que você estava fazendo? Que demora! Eu cheia de papel na mão aqui do lado de fora! Era você quem ouvia essa música?

Eu respondi que sim, meio constrangido.
Constrangido por que? Não deu cinco minutos e já estava ela pedindo pra eu ligar o som.
Ficamos os dois, ridículos, dançando e imprimindo nossos respectivos trabalhos.

Bem... ao menos ninguém viu. O mesmo não se pode falar da professorinha baiana...

Toda enfiada? Que nada. Toda demitida!

14.10.09

E o salário, ó...

Quando começamos alguma coisa e somos totalmente "verdes" no que nos propusemos a fazer, ficamos perdidos. Não sabemos como agir, o que dizer, como fazer - dentre tantos outros aspectos que surgem quando você inicia uma nova etapa, um novo estágio.
Quando comecei a estagiar em um escritório de advocacia, o salário era "dado" em mãos - não havia depósito nem nada. Você recebia ali, no local de trabalho, e ia embora pra casa. Se fosse assaltado no meio do caminho, azar o seu. Um absurdo, né?! Mas, enfim! Não seria estágio se houvesse muitos benefícios.
Quando saí do escritório e passei no concurso do INSS, tive que abrir uma conta em determinado banco, pois o salário seria depositado mensalmente.
Eu, que nunca tive nem cartão telefônico até aquela data, não sabia mexer em nada: não sabia ver extrato, saldo, muito menos fazer transferência para outra conta. Mas aprendi a maravilha de colocar o dinheiro na poupança. E todo mês eu tirava R$100,00 dos R$260,00 que ganhava (já era menos que um salário mínimo na época - ano de 2006) e colocava na bendita poupança.
Passava um, dois, três, quatro meses e eu verificava todo santo dia pra saber quanto meu dinheiro tinha rendido. Bem... depois de cinco meses, num total de R$200,00 (eu menti quando disse que depositava todo mês, ok?!), eu consegui lucrar R$0,07.
Não, eu não errei!
SETE CENTAVOS.
Valeu, instituição bancária! Te devo essa, hein?

Próxima rodada de chopp é por minha conta.

23.9.09

Previsão do tempo

Chuva na região das costas!

Não entenderam?
Explico.
Um belo dia, quando ainda estava no INSS, cheguei com minha camisa verde de botão toda molhada - extremamente escurecida.
O procurador me olhou, surpreso, e disse:

-Tava chovendo de onde você veio?
E eu, no maior constrangimento, respondi:
-Não, é suor! [E mentalmente completei: É que eu pego ônibus que, da minha casa até a parada onde desço, dura uma hora e vinte minutos e ainda tenho que andar mais vinte minutos, debaixo do sol de meio dia, até aqui, seu fela da mãe!]

A partir daí, nos dias em que não aparentava que ia chover, só trabalhava de camisa escura, porque suava e ninguém via. Ou seja: preto e azul marinho eram fardas...
Podre, né?! Pois é! Eu me lembro que amigos meus, que andavam de paletó e de bus, ficaram até com brotoeja. Agora eu pergunto: tem pra quê a gente se empacotar nesse clima maldito?
[já escuto até os aplausos]
'Brigado!

8.8.09

Quem é você?

Uma das maiores dificuldades quando se entra no mundo jurídico é o tal do "jurisdiquês".
Como se a língua portuguesa não fosse suficientemente difícil, no ramo do Direito ainda se insiste em fazer valer o latim, o grego, o hebraico e tantas outras línguas arcaicas que, enfim, todas somadas, culminam no jurisdiquês.

Quando comecei a estagiar no TJPE, lia vários e vários processos - cada um, é claro, com suas próprias partes (as pessoas ou empresas litigantes). Mas quase sempre, em diversas demandas, os advogados citavam alguém chamado de "Sr. Meirinho".
E eu ficava me questionando: Quem danado é esse tal Meirinho que vive aparecendo nesses processos? Que criatura cabulosa! Está sempre envolvido em tudo quanto é processo. E mais: a intimidade dos advogados em chamá-lo carinhosamente por meirINHO.
O tal Meirinho deixava de cumprir uma ordem do juiz.
O tal Meirinho se dirigia à casa das partes.
O tal Meirinho fazia de um tudo!
Até que, em minha humilde condição de estagiário, lá fui eu perguntar à minha chefe.

- Mirella, esse tal Meirinho é muito estranho! Esse cara está em quase todo processo que eu vejo. Que homem é esse, pelo amor de Deus, que está envolvido em ação de alimentos, de guarda, de inventário?!

...e ninguém pode dizer que não alegro a vida das pessoas. Né?
Após servir de bobo da corte, ela me explicou.
Em suma: "meirinho" é uma outra forma de denominar o oficial de justiça.
Diz o dicionário:

s. m.
1. Antigo empregado judicial correspondente ao moderno oficial de justiça.

Finalmente, tudo fez sentido!
Porque eu já começava a imaginar esse Sr. Meirinho: calvo, beirando os cinquenta anos, baixinho (daí o "inho" no nome), um tanto fraudulento (daí estar em várias demandas), com os poucos cabelos pintados de preto, corrente de ouro no peito, relógio folgado no braço, camisa de botão amassada e... Ué! Me deixem imaginar.


Alô? É da Justiça? Sou o Meirinho.

21.5.09

Filosofia do dia

Estagiar é...

...ficar com sono durante o expediente, esperar pelo ônibus por 40 minutos, ir o trajeto todo em pé e ainda escutar alguém dizer que dirigir cansa.

19.5.09

Rapidinha

Esses dias eu me lembrei de quando meu irmão, em sua época estagiária, foi para a sua primeira entrevista.
Dentre algumas perguntas, foi-lhe indagado:

-Qual seu maior defeito?

-Ah... eu sou vingativo!

... ... ... ...

-Certo - dizia a entrevistadora, um tanto, digamos, chocada -. A gente te liga quando sair o resultado pra dizer se você passou.

E nunca ligaram, claro!
Porque estagiário vingativo é duplamente perigoso.
Porque mentira nem sempre é prejudicial.
Porque em entrevista de trabalho somos todos perfeitos.
Né?!

Quando eu for fazer minha próxima entrevista e me questionarem meu maior defeito, vou dizer a clássica resposta:

-Sou perfeccionista. Às vezes é qualidade, às vezes é defeito. E busco a paz mundial numa interminável batalha diária. [brilho nos olhos]