27.10.08

Gato mia? Miau!

No tal escritório eu fazia muita audiência. MUITA!
Ia de um lado da cidade ao outro.
Fazia audiência em Recife e nas cidades de Jaboatão, Olinda, Paulista, Igarassu e Abreu & Lima. Tudo longe, tudo desconhecido por mim! E eu sempre ia de ônibus.

Há quem nunca acredite, mas, numa vez, o dia mais cansativo e esgotante da minha vida, cheguei a pegar 12 (doze - eu coloco por extenso pra demonstrar que não estou digitando errado!) ônibus.
Quer que discrimine? Vamos lá!

Casa-Escritório(1)
Escritório-Candeias(2)
Candeias-Escritório(3)
Escritório-Casa(4)
Casa-Escritório(5)
Escritório-Olinda(6)
Olinda-Paulista(7) (Integração)
Paulista-Olinda(8) (Integração)
Olinda-Derby(9)
Derby-Faculdade(10)
Faculdade-Derby(11)
Derby-Casa(12)

Sim, porque pra ir de casa pra faculdade são dois ônibus. Bem como da faculdade pra casa.
Sim, carona zero.

Ok, ultrapassados os 12, vamos ao gato... digo, à audiência.

Num belo dia de fevereiro, lá se foi Cláudio para o escritório e me informaram que teria uma audiência não-sei-onde. Mas me disseram:
"Tranquilize-se! Você vai pegar carona com o moto-boy!" (...que tava mais pra moto-old-man)

Fiquei feliz, mais aliviado. Ia de carona! Ufa...
Ocorre que, após me dizerem isso, todos os demais funcionários olharam pra mim e caíram na risada.

Rá! Invejosos! Vou de carona e eles não.

Bem, a carona era uma moto, mas, e daí, né?! Pelo menos ia ficar precisamente no local e não ia pegar ônibus.

Peguei o capate, meio fedido, meio estranho, e coloquei. Um fedor! E pensei: "Argh! Quantas pessoas não já usaram e suaram aqui dentro?"
Rá²! Antes fosse!

Quando cheguei no lugar, quase sufocando, tirei o capacete e o tal senhor-moto-boy disse: "E aí? Nem sentiu um cheiro ruim, né? As pessoas inventam demais! Só porque minha gata deu cria por esses dias aí dentro e ninguém quer mais andar comigo".

... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ...

A frase acima dispensa comentários. Encerro aqui e esperem o próximo post.

24.10.08

Sim, sim, o relógio.

Dando prosseguimento ao conto anterior.
Pois bem.

Um belo dia, lá estava eu sentadinho na minha mesa, no bendito escritório.
Eis que a chefinha, muito da mal humorada, diz:

"Meu querido, abra ali aquela gaveta e pegue pregos e martelo!"

...pregos? Martelo? Mas pra quê tudo isso?
Ok. Eu pego, né...

Quando fui entregar os tais objetos pra ela, a lindinha me lançou um olhar de desprezo e disse:
"Eu comprei um relógio de parede. Coloque ali, naquele canto! Bata o prego, já que você é acostumado."

...o quê? É o quê? Mas como é mesmo, hein? Fiquei moco.

Retruquei: "Não, não! Não, não! Olha, eu nunca bati um prego na vida. Sempre vivi à base de sombra e água fresca".

Certo: o comentário foi ridículo, mas foi o suficiente pra eu, mais uma vez, soltar meu risinho social, amenizador de situações, e voltar aos meus afazeres (ou seja: furar papel!).
E, decerto, ela, novamente, deve ter me jogado mais uma macumba.

Aí eu te pergunto, caro estagiário: é o quê? Bater prego na parede? Nada contra, mas... não estudo carpintaria. Passa amanhã.

21.10.08

Cláudio? Você está preparado?

NÃO!!!!!


Pois é.
Lá se foi Cláudio pra sua primeira entrevista de estágio.
Era um escritório de advocacia pequeno, porém com trabalho acumulado.
Não tinha estagiário algum. Eu seria o único - o pobre coitado que teria de arcar com todos os afazeres jurídicos e serviços gerais. (rá!)
Após entrevistado, ouvi aquela frase clichê do "te ligamos depois".
E ligaram. Infelizmente, ligaram.
Eu passei.
Eu até comemorei. Pobre Cláudio-de-2006, não sabia no que se metia.
Pois então... lá fui eu começar no bendito escritório.
O local não era dos mais bonitos - e muito menos dos mais arrumados.
Eu mexia em papéis antigos e em caixas de papelão. A mão ficava seca. Além de me furar nos inúmeros grampos soltos e perdidos pelos papéis.
As minhas chefes, duas mulheres nada sutis, me pediam de tudo. Pra me locomover de um extremo da cidade ao outro. Além do cafezinho, da água das 16h - serviços estes, aliás, que eu fingia que não me pediam e continuava nos meus afazeres, num momento autista.
Numa das vezes, uma lá me disse: "Estou com sede". ... ... ... ... (ouvia-se tão somente o som do ar condicionado). E eu permaneci inerte. E ela prosseguiu: "Porque você sabe, né, que esses serviços também são funções do estagiário".
E eu fiz a minha cara de paisagem, com um sorriso amarelo e disse: "Hehehe (risadinha falsa). Quando a senhora me contratar e assinar minha carteira eu coloco água e suco! Hihihi (mais risinho falso!)".
Bem... dei as costas, como se estivesse tudo ótimo e ela deve ter me jogado uma macumba por trás.

Bem, vamos ficando por aqui neste primeiro capítulo.
No próximo, dando ainda vazão aos pedidos absurdos e sem o menor tato dos meus "superiores", eu conto sobre o episódio do relógio de parede.
Saudações, nação estagiária.

20.10.08

Perdendo a virgindade

Pode soar grosseiro ou mesmo vulgar o título que encabeça o este blog.
Mas o primeiro dia de um estagiário equivele, àqueles que assim já passaram pelo fato, à perda da virgindade. É o medo de errar somado às conversas preambulares com os amigos não mais principiantes. É um dia de calouro e de calor - interno.
As mãos suam, tremem, mas você está lá: bem arrumado pra impressionar.
É ou não é válida a comparação?

Pois bem.
Há alguns meses pensei em expor minhas histórias enquanto estagiáro - de maneira selecionada, é claro, pois devemos sempre dar vazão à ética. (Ok, às vezes a gente pode passar por cima disso em função de deixar tudo mais interessante)
São casos que vão da comédia ao drama, contando os causos pelos quais passei em toda a minha trajetória - ainda não encerrada - de estagiário.
Vamos, aqui, falar dos bons chefes, dos maus chefes, dos erros de execução nos trabalhos, dos acertos, dos medos e de tudo o que rolou. Comigo e com os outros. Pois certamente contarei, também, casos de amigos.

Para dar uma breve explanada sobre o caminho que tracei, eu estagiei voluntariamente no TJPE, em um escritório de advocacia, no INSS, na CEF e, novamente, no TJPE, mas em condições diversas daquelas iniciais.
Aqui entrarão, ainda, os momentos históricos vividos dentro de um ônibus - pois estagiário que se preza anda de coletivo e sofre os horrores que um transporte público pode proporcionar. Horrores e risos, é bem verdade - não me queixo. Ok, me queixo. Mas nem sempre.

Sintam-se à vontade, caríssimos colegas da classe estagiária do Brasil.
Discorram sobre seus fatos e, se assim o quiserem, poderemos publicá-los.
No próximo post, começam os devaneios de um estagiário vagando pelas ruas quentes de Recife.

Bem vindos.