25.11.08

Knock knock knock on Heaven's door.

Como todo estagiário tem o benefício da incompetência, digo, da inexperiência, demorei um tantinho pra postar. Mas cá estou.

E acho justo me expor um pouco mais e contar um caso que aconteceu, ainda na época do escritório.

Eu tinha que resolver uns processos lá por... Igarassu!
Me corrijam se eu estiver errado: Vem Olinda, depois Paulista, depois Abreu e Lima e, por fim, Igarassu. Não é isso?! Pois então.

Fui com um amigo, de carro, pela manhã.
Senti umas certas contrações abdominais e pensei, numa filosofia de Chico Buarque: "Vai passar!".

Chegando no fórum de Igarassu - um lugar agradabilíssimo, onde as galinhas andavam na frente do fórum e a xérox era do lado de fora comandada por uma mocinha muitada da azeda -, fomos a uma determinada vara pra ver nossos processos. Eu do escritório para o qual estagiava e ele para o dele.
Quando entrei na bendita vara, o ar condicionado bateu diretamente em mim - e eu fui na Lua e voltei. E não me aguentei! Virei pro meu amigo e disse: "Bicho... estou um tanto enjoado! Cê sabe, de manhã, não tomo café... resolve isso pra mim?" Ele, muito prestativo, disse: "Claro! Inclusive o banheiro é depois do segundo corredor à direita, depois você pega a esquerda e chega lá."

Ótimo. Isso ia me economizar tempo.
Fui lá e... cadê o banheiro?
Quase morrendo, dei voltas até achar.
E achei bom porque o banheiro era individual.
Ok. Tudo certo, tudo tranquilo.
Quando já estava na posição fetal, ou fecal, enfim!, percebo que não tinha papel higiênico. Mas já era tarde demais.

Fiz.

E liguei pro meu irmão. Eis o teor da conversa:

-Fábio, vê só... eu tô no fórum. No banheiro do fórum... e tipo: já fiz o que tinha que fazer, mas...
-[mal humorado]Sim, e daí?
-E daí que não tem papel!
-Olhe, Cláudio... nunca vi uma pessoa ser tão burra. Não posso fazer nada. Estou ocupado.

[desligou]

Daí pensei: se não a família, os amigos ajudam!
Liguei pra uma amiga. E ela:

-Oi, filho. Onde estás?
-No banheiro, sem papel higiênico!
-[risos descontrolados]Se lascasse! Ó... daqui a pouco te ligo porque tô ocupada!

Agora era eu e Deus. Eu, Deus e sem papel higiênico.
Aí me lembrei que mamãe sempre dizia: "Homem que é homem não sai de casa sem lenço".
Pra resumir: usei o pobre lencinho e ainda escondi dentro da lixeira pra ninguém ver tamanho absurdo.
Enquanto isso as pessoas batiam na porta insistentemente - o que agravava meu desespero.
Quando eu saí do banheiro, tinha simplesmente uma fila e-nor-me! Todo mundo me olhando.
Eu apressei o passo e fui me encontrar com meu amigo.

Ele: -E aí? Vomitou? Tás bem?
Eu: -Não, não. Tô ótimo!
Ele: -Tinha papel, pelo menos?
Eu: -Bicho... como não usei, nem reparei.

Ok, podem rir.

Sei que ainda fui pra faculdade no final do dia, acabado, cansado, me sentindo nojento... E AINDA PERDI UM LENÇO!!!!

10.11.08

Segredo de Justiça!

Como aqui vos falo, caros leitores, eu também contava tais causos aos meus colegas e amigos de faculdade - ao passo que assim ia vivenciando estas histórias fantásticas (?). Era instantâneo.
Acontecia - e a faculdade sabia!
E todo mundo vinha me perguntar como estava meu estágio, se tinha acontecido outra história mirabolante e por aí vai.

Antes de começar a próxima história, cumpro dizer que, na minha faculdade, funciona um Juizado Especial Cível. E daí que, como estagiava num escritório, fatalmente chegava a participar de audiências lá.

Ok, passadas as prelminares, vamos ao cerne da questão.

Um belo dia soube que tinha uma audiência lá pela faculdade. Ok, tudo bem, muito tranqüilo. (O trema ainda está em uso? É que sou estagiário e, por isso, sou desavisado e atrasado! Como estagiário, nunca sei de nada e sempre pergunto muito!).
Retomando.
Tudo ia bem. Até que soube que a audiência ocorreria no período final da tarde, começo da noite - quando minha aula estaria prestes a começar. E que estaria acompanhado por uma das advogadas.

Sim, e qual o problema nisso tudo?
Releia o primeiro parágrafo do texto!

É! É isso mesmo!
Eu estaria na sala de espera, aguardando a audiência, e meus amigos passariam por mim e conversariam, questionariam a respeito do estágio!
E aí? Como fica?
Imagine a pergunta: "E aí, Cláudio? Como anda o estágio? Ainda te exploram muito? Rá-rá-rá! Sai dessa ****(joça) logo!". Enquanto isso, a chefinha me olharia sorridente! Cínica.
Não dava pra correr o risco.

A saída foi...ir ao banheiro a cada 5 minutos!
Claro, estagiário come na rua e sofre de dor de barriga, ok?
Ia cruzando com as pessoas no meio do caminho e ia conversando longe da moçoila. E avisava: "Ei! Estou com a advogada! Avisem às pessoas! Ninguém chegue perto de mim!".

Ah, tensão!
No final das contas, tudo deu certo. O segredo de 'Cláudio vs. Advogadas' se manteve escondido.

Aí chega este estagiário que vos escreve, tempos depois, e publica tudo isso.
Estagiário já faz besteira, não?! Mas estagiário pode. É estagiário! É estagiário!

2.11.08

Quantos volts o senhor quer?

Uma das primeiras vezes que fui ao fórum acompanhado por uma das advogadas do tal escritório, o fórum de Jaboatão, tal aventura me foi extremamente marcante. Primeiro porque o fórum já havia sido interditado algumas vezes por possíveis riscos de desabamentos (eu morria de medo dele), bem como porque seus corredores eram muito pequenos, e você dava de cara com alguém algemado.
E mais: pela história que lhes conto agora.

Quando a gente começa a fazer Direito (sim, com letra maiúsculo, por "direito" a gente, enquanto estagiário, não faz nunca!), descobrimos inúmeras expressões nunca antes ouvidas. São frases e palavras em latim, grego, ou mesmo em português, mas que não lhe dão a menor noção do que intentam dizer.

Me lembro de uma amiga que, também começando a estagiar, foi numa certa vara e pediu para ver determinado processo, e o chefe de secretaria respondeu: "O processo está para ser tombado!"
E ela pensou: "Mas o que danado tem a ver a UNESCO com esse processo???"

É que, "tombamento de processo" significa dizer que ainda vai ser criado um corpo físico para aquele processo, ou seja, para aquela ação. Vai se colocar uma capa, uma etiqueta, numerá-lo e daí em diante.

Bem, voltemos a mim.

Chegando na vara indicada, a advogada falou: "Tome este número de processo e peça para que façam carga desse processo."
E lá foi o pobre estagiário, sem a menor idéia do que significava "carga de processo".
Mentira. Eu até tinha uma idéia:


O estagiário no fantástico mundo de Bob.

Explicando: fazer carga de um processo é requerer, perante o cartório, ou seja, a vara, para que você possa retirar os autos (o processo) e possa levar pra casa/escritório, enfim!

E lá fui.
Eis o diálogo:

-Olá. Boa tarde. Eu gostaria de fazer carga no processo nº xxxxx.
-Você quer levar o processo pra casa?
-Não, moço! Eu quero fazer carga!
-Então você quer levar pra casa!
-Não. Eu quero fazer car-ga!
-Ok... (o homem já estava impaciente)

Ele pegou o processo, foi no computador, digitou algumas coisas, imprimiu um papel (guia de recebimento), eu assinei (sem saber o quê nem porquê) e ele me entregou.

Eu disse:

-Obrigado.

Deis as costas e já estava saindo.
Ele gritou:

-Ei! Você esqueceu o processo!

Foi então quando tudo fez sentido.
Fazer carga. Levar pra casa.

E lá fui eu, todo sorridente. Missão cumprida.

Advogada: -Conseguiu fazer a carga?
-Ah, sim! Foi rápido! Super simples. Prático, normal.



Sabe tudo esse estagiário!